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Carnaval da Ilha Terceira Açores.
Bailinhos, Danças de espada e pandeiro

Independentemente da origem do Carnaval da Ilha Terceira, não restam dúvidas que é uma manifestação cultural muito apreciada e também muito diferente de outras
maneiras de festejar o Carnaval noutros locais e noutros países. É cada vez mais
frequente a visita de turistas e estudiosos deste fenómenos à Terceira por altura do
Entrudo.

A adesão a esta manifestação tão popular fez até que os famosos ‘três dias de Carnaval’ passassem a ser quatro, começando assim a festa já no Sábado em vez de no Domingo como era habitual.

E mais, agora com a novidade dos bailes de idosos, cada vez mais elaborados e vistosos, o Carnaval está a começar duas ou três semanas antes da data marcada pelo calendário, para que muitos elementos mais activos nesta grande festa possam
entrar e dar uma ajuda aos nossos seniores, como se chamam agora, e depois ficarem disponíveis para participarem nas danças na altura certa.

Temos assim um Carnaval duplo ficando o público terceirense a ganhar enquanto cada vez mais gente de todas as faixas etárias tem o direito a divertir-se, quer participando nas danças quer assistindo como espectadores.

Os ensaios

Para quem vai participar como músico, bailarino, ou actor em cima do palco, os ensaios constituem uma ocasião de divertimento que não é fácil de explicar e de
entender a quem nunca pertenceu a um bailinho ou dança de Carnaval.

Talvez a melhor maneira de explicar seja comparar com a sensação de irmandade que se gera em certos grupos que têm que enfrentar uma mesma situação de algum perigo ou s com um grande grau de adrenalina. Pode ser comparado com a ligação que fica entre pessoas que fazem a recruta juntas, ou que estudam na mesma universidade, ou participam num mesmo acampamento, etc.

A separação da música e do enredo

Alguns grupos optam pela separação dos ensaios da parte musical da parte do enredo porque os actores não se conseguem concentrar com os toques ainda em
experimentações nem os músicos conseguem encontrar os melhores tons com os
actores a repetirem as falas vezes sem conta.

Muitas vezes quem faz a música ou elabora os arranjos não é a mesma pessoa que
inventa o assunto do bailinho ou da dança daí ser mais eficiente a separação dos ensaios em espaços diferentes pelo menos nos primeiros dias.

Duas a três semanas antes do Carnaval acontecer, juntam-se então as duas partes, e
então já começa assim a ter-se uma ideia aproximada de como o espectáculo vai
resultar nos salões.

As roupas e as costureiras

O primeiro impacto que as pessoas sentem nos salões ou associações culturais
quando se abre a cortina do palco é provocado pelo vestuário do grupo que se
apresenta.

É costume o uso de galões e fitas brilhantes com fartura assim como enfeites com
plumas que esvoaçam com as coreografias ritmadas.

A tiragem das medidas e as provas dos trajes também é rodeado de muito humor, porque a costureira ou costureiras que guardam as medidas de um ano para o outro
fazem críticas com humor ao aumento de peso dos seus clientes.

O maricas, o bêbado, o velho e o tolo

Talvez não tenha passado ano nenhum de Entrudo em que não haja pelo menos um
personagem de uma dança que não seja maricas, ou bêbado ou velho ou tolo.

Parece que o povo terceirense aprendeu a ver nestes personagens os mais engraçados e por isso mais contundentes nas suas críticas humorísticas às situações
do quotidiano.

As mesas com petiscos

Como se sabe o Carnaval da Ilha Terceira é gratuito para quem assiste. A maneira de retribuir a todos os actuantes em palco as alegrias que oferecem é através do convite a petiscar sem cerimónias junto à ‘mesa’ recheada de doces, salgados e bebidas várias preparadas com gosto pelas comissões dos salões e outros colaboradores voluntários.

Os enganos e as brancas em directo

Diz-se que ‘no Carnaval ninguém leva a mal’ principalmente quando acontecem os
enganos a meio de uma actuação. A maneira de o grupo reagir a estas situações é
com o improviso muitas vezes com efeito ainda mais engraçado do que com as próprias falas decoradas. Estes ‘desenrascanços’ provocam quase sempre momentos de muitas gargalhadas nas várias assistências espalhadas pela ilha.

As transmissões via rádio, televisão e internet

Antigamente a boca de cena era ocupada por espectadores que com os seus gravadores registavam nas velhas cassetes as actuações que se sucediam. Era a
maneira de recordar as alegrias do Carnaval no resto do ano ou então uma oferta
bem valiosa para os parentes emigrados na América ou no Canadá.

Hoje está tudo mais facilitado devido às novas tecnologias que proporcionou a criação de verdadeiras empresas de filmagem e realização de actuações carnavalescas de grande qualidade à semelhança do que é feito com relação às touradas à corda.

O intercâmbio com o Carnaval das comunidades de imigrantes açorianas

Para quem já visitou comunidades de açorianos emigrados na América, Canadá e outros pontos do mundo, notou de certeza a força que o Carnaval da Terceira ganhou a ponto de a diferença entre o realizado nos Açores e o que acontece lá fora é apenas o lugar geográfico.

Devido a este apreço pelo Carnaval entre os terceirenses de todo o mundo, é usual o
convite de grupos da Terceira para irem actuar no estrangeiro assim como a situação contrária: danças de comunidades de emigrantes são convidadas a fazer a sua tourné na terra ‘natal’.

O frenesim das actuações

A adrenalina corre no sangue dos dançarinos nos quatros dias de Entrudo. Todos querem dar o seu melhor e ninguém quer envergonhar quem os apoiou: os familiares,
a junta de freguesia, a casa do povo. Além disso, o que ficar gravado no DVD fica
gravado para sempre.

Outra ginástica própria destes dias é a de tentar fazer o máximo de actuações e de
preferência seguidas sem esbarrar com outros grupos que já tomaram vez numa
determinada sociedade.

O cansaço desses dias gloriosos é vencido heroicamente e ninguém tem tempo para
doenças. No resto do ano há-de se arranjar tempo para as coisas tristes.

A quarta-feira de cinzas

Para muitos, os que actuaram e os que assistiram, esta é de longe a quarta-feira mais cinzenta do ano.

 

"Carnaval da Ilha Terceira Açores." http://carnaval.ilhaterceira.net/

 

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